O conceito de Elite, no senso comum é visto
como a minoria dominante, os que detêm o poder político, económico e social, em
certa medida, este conceito não está errado, e porquê? Porque no Poder, seja
ele nas Sociedades Maiores do
Poder político, seja nas Sociedades Menores do Poder social da hierarquia nas organizações, a elite é uma presença constante e o poder é mantido pelas Elites.
Assim teremos sempre a presença de uma elite
ou grupo de pessoas que formam o conjunto das classes dominantes, contudo, a Teoria
das Elites foi desenvolvida pela sociologia em particular pelo estudo da
Estratificação Social e da mobilidade das classes sociais, abordada pelos sociólogos
italianos Gaetano Mosca no seu livro ‘Elementi di scienza política’ e Pareto, que afirmam que o poder é mantido sempre pelas elites.
Tanto Mosca como Pareto são colocados lado a
lado nos estudos sociológicos ou políticos sobre a Teoria das Elites, tal como
afirma Grynzpan (1999) contudo o mesmo autor refere que há acentuadas
diferenças entre ambos, uma delas é que Pareto apesar de original nos seus
escritos era fortemente influenciado por Mosca, tal como se fez notar nos ‘Les
Systémes socialistes’ ou mesmo no ‘Trattato di sociologia generale’, o
mesmo refere Raymond Aron em ‘As Etapas do Pensamento Sociológico’, seja
como for, as ideias de Pareto, influenciadas ou não, vêm sendo entendidas pelos
cientistas sociais como uma das grandes descobertas da nossa época, tal como
afirma o autor acima citado.
As massas foram também objeto de estudo do
pensador espanhol José Ortega y Gasset, desenvolvendo na sua principal obra, ‘A
Rebelião das Massas’, a ideia na qual mostra o homem das massas como o
individuo conformado com o Status Quo, por outras palavras é toda a
pessoa que renuncia inconscientemente à sua individualidade em favor do
consciente coletivo que vai atrás da moda; as massas em si, não questionam,
obedecem à tendência dominante, pelo que, esse individuo quer ser igual às massas,
não pensa por si.
Poder político, seja nas Sociedades Menores do Poder social da hierarquia nas organizações, a elite é uma presença constante e o poder é mantido pelas Elites.
A elite é portanto, formada pelo conjunto de
indivíduos que se destacam pala sua capacidade de liderança, pelo seu conhecimento,
pela sua visão de fundo e sobretudo sobressaem-se pelo seu Know-how, ou
seja, o saber fazer e fazê-lo de um modo melhor, assim sendo, a elite é formada
pelos melhores.
O fenómeno das elites é transversal a todas as
áreas do saber, pelo que em todas as classes sociais há a elite, ou seja, não
se limita ao campo da política, antes pelo contrário é algo que penetra no
mundo da empresa, da academia, das artes, do desporto, das forças armadas, da
religião, entre outras áreas.
Gaetano Mosca |
Vilfredo Pareto |
Pareto observou que não há uma elite, mas
várias elites, que se digladiam e lutam pelo poder, ou seja, o poder está
sempre controlado pelas elites, que se alternam entre si, havendo claramente um
desgaste durante a sua governação, sendo substituída a partir daí, por uma nova
elite, esta teoria refere algo que contraria o conceito marxista de classe,
aqui temos a desigualdade, é isso que opõe a elite às massas, os que governam e
dominam aos que são governados e dominados em todas as áreas da sociedade.
Ao contrário da Elite que tem o impulso da
inovação e o ímpeto da intervenção, as Massas que apresentam na
sua esmagadora maioria, uma tendência conservadora e do medo da mudança bem
como a incapacidade de intervir, pois não ousam correr riscos, Lara (2009).
Ortega y Gaset |
Por outro lado, o sociólogo francês, Jean
Baudrillard, entende as massas como um corpo que absorve toda a dinâmica ou
energia que emana do poder político, social e económico, neutralizando-as sem
reagir, além de formarem uma uniformidade, que torna tudo o que é diferente,
algo impossível de ser aceite ou percebido, para Baudrillard as massas são por
si mesmas o Conformismo.
A Psicologia Política e o estudo das Elites
A democracia é considerada como o mais nobre
dos sistemas políticos, apesar disso, é precisamente o mais frágil, porque está
assente na vontade popular através do voto, e esta pode ser, de acordo com as circunstâncias
de um dado momento, alterada pelo comportamento das populações, devido a isso,
a política utiliza como instrumento de análise, não apenas a psicologia social,
mas também a Psicologia Política.
Esta ciência, segundo Graça Corrêa Jacques (2013),
terá tido como precursores Weber, Durkheim, Freud, Adorno, (poderíamos também
inserir nesta lista a contribuição de Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, pelos
seus ensaios sobre as elites e a política) não-obstante, a autora refere que
Lasswel é o fundador desta disciplina, a autora refere ainda, que apesar de ser
uma ciência nova dentro da psicologia e um novo recurso para a análise do
comportamento político, teve a sua origem na Grécia Antiga, sendo utilizada
também por Maquiavel nas suas obras, todavia, como ciência específica teve o
seu surgimento efetivo nos anos 50 do Século XX.
Os objetivos da Psicologia Política
confundem-se em parte com a Sociologia Política, tal como o comportamento
eleitoral, a cultura política, a prática da cidadania, o comportamento político
por classes sociais, o autoritarismo político, o estudo das multidões, a
comunicação social e a sua influência na opinião pública em geral e no
eleitorado em particular, estuda também os novos comportamentos políticos
saídos de movimentos religiosos, o nacionalismo, e os mecanismos psicológicos
do comportamento social face às decisões políticas, ou ainda, os fenómenos
políticos no que se refere à corrupção e a sua influência na população em
geral.
Um exemplo de caso prático dos Estudos de
Psicologia Social e da Sociologia Política, foi através dos motins ocorridos na
cidade de Vitória no Brasil, devido à greve da Polícia Militar, levaram a uma série de ocorrências de violência e assaltos sem precedentes, em quatro dias,
foram assassinadas mais de 70 pessoas, numa cidade cujos índices assemelham-se aos
índices europeus, quando em condições normais. Este fenómeno normalmente é
estudado de forma partilhada entre a Sociologia Política e a Psicologia Política,
a primeira estuda as causas e as consequências sociais do fenómeno, a segunda
debruça-se sobre as consequências políticas e saber onde falharam as relações
de poder, ou por outras palavras, é saber o que ocorre e como se comportam as
massas sem a existência da autoridade.
Neste sentido, as elites são também estudadas
na Psicologia Política, devido à sua importância no exercício do poder, quer
seja o poder político, das sociedades maiores, quer o social, das sociedades
menores, em suma, estuda o poder coercivo da autoridade e a sua importância
para a manutenção da ordem e do bem comum, ou ainda as consequências sociais da
ausência de autoridade.
Autor: Filipe de Freitas Leal
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