Para responder esta questão, vamos aproveitar uma definição
de Émile Durkheim no seu livro ‘As
Regras do Método Sociológico’, em que afirma que a Sociologia
é a ciência que estuda os factos sociais, deste modo podemos aferir da mesma
forma, que a Ciência Política é a ciência
que se dedica a estudar os fenómenos políticos, tal como afirma Sousa Lara (2007), que a Ciência Política é a Ciência que trata de estudar de modo sistemático os fenómenos políticos ou os Factos Políticos como fenómenos sociais, implicados diretamente na conquista, no exercício e na manutenção do poder político.
que se dedica a estudar os fenómenos políticos, tal como afirma Sousa Lara (2007), que a Ciência Política é a Ciência que trata de estudar de modo sistemático os fenómenos políticos ou os Factos Políticos como fenómenos sociais, implicados diretamente na conquista, no exercício e na manutenção do poder político.
Portanto face à pergunta deste capítulo a resposta é
afirmativa, sim, a Política é uma Ciência, na medida em que a aceção desta
palavra significa “Conhecimento” ou melhor a obtenção do conhecimento de um dado
fenómeno, no entanto não se trata aqui de uma ciência pura, tal como ocorre com
a Matemática, a Física ou a Química, a Ciência Política não obtém o
conhecimento científico senão através das diversas outras ciências auxiliares,
que permitem por seu intermédio a obtenção do fundamento epistemológico e do
conhecimento científico, referente ao seu objeto de estudo, que é a práxis
política em diferentes culturas e épocas.
Como se adquire o conhecimento científico?
Nas ciências sociais
e humanas o conhecimento é obtido a partir de uma metodologia que se
estabeleceu com Auguste Comte, que terá usado os métodos das ciências exatas
para a obtenção dos conhecimentos das ciências sociais, foi assim que surgiu a
sociologia, esta é a base de diversos outros alvos de estudo científico, como
por exemplo o Serviço Social, que não sendo uma ciência pura ou exata,
fundamenta a sua práxis pelo método científico e o corpo de conhecimentos
adquiridos a partir de outras ciências, como a psicologia social, a sociologia
e em particular a sociologia aplicada.
Assim, também a Ciência Política deve ser justamente
considerada efetivamente como ciência de facto, na medida em que, tal como
referido acima, obtém o “Conhecimento” dos fenómenos políticos, através de outras
áreas de estudo pela metodologia de investigação científica.
A Ciência Política apoia-se portanto pela investigação de
um conjunto diversificado de outras áreas do saber, sendo campos de estudos cuja
linha divisória é difícil de ser definida, tendo em comum a sua natureza, isto
é, são ciências que centralizam no Ser Humano e na Sociedade o foco dos seus estudos,
tais como a Sociologia com os seus diversos paradigmas que são um precioso
recurso metodológico para o constructo científico do corpo teórico da política,
auxiliada ainda pelo aprofundamento de estudos empíricos que vão da Sociologia
Política à Antropologia Cultural, passando pela Psicologia Social entre outras,
Lara (2007), refere que cada ciência contribui de modo diferente com a
especificidade do seu conhecimento e dos métodos epistemológicos.
Parte-se da elaboração de hipóteses para a Teoria, esta é
experimentada e verificada, e uma vez confirmada contribui para o conhecimento
de novos factos, tornando-se regra.
1 - Metodologia ð Método dos Estudos Científicos:
Ø Métodos
sociológicos;
o
Quantitativos e qualitativos,
§ Inquéritos;
§ Entrevistas;
§ Observação participante;
§ Estatísticas.
2 - Ciências Auxiliares
ð Ciências
Humanas:
Ø História;
Ø Antropologia
Cultural;
3 - Ciências Complementares ð Ciências Sociais:
Ø Sociologia:
o
Sociologia Política e Sociologia Aplicada;
Ø Psicologia:
o
Psicologia Política e Psicologia Social;
Ø Direito:
o
Direito Político e Direito Constitucional;
Ø Economia:
o
Finanças e Economia social;
Ø Relações
Internacionais:
o
Direito Internacional;
Ø Geopolítica;
Ø Geoestratégia;
Ø Gestão:
o
Administração Pública,
Ø Demografia;
Ø Estatística;
Ø Marketing
Político.
A) A contribuição da História
Se
por um lado temos a sociologia que fornece à Política a metodologia do estudo,
por outro, a História é por excelência a fonte do conhecimento da ação política
ao longo do tempo e na diversidade do espaço geográfico, cuja análise dos respetivos
factos, no pretérito, permitem compreender os antecedentes e antever as
consequências das decisões políticas, traduzindo-se num importantíssimo conjunto
de informações e de conhecimento, pois permitem evitar que se repitam os
acontecimentos menos felizes da história política, quer sejam factos militares
ou económicos, neste sentido, o estudo da História política permite reconhecer
os acontecimentos que os tornam cíclicos, ou ainda prever a dimensão das
consequências das decisões políticas do presente.
B) A contribuição da Antropologia Cultural
O
facto mais curioso da Antropologia é que esta ciência surgiu precisamente
através de interesses políticos relacionados com o expansionismo do
colonialismo europeu no fim do Século XIX, tendo como objetivo, adentrar
noutros continentes e contactar outros povos, sentiu-se na altura a necessidade
de conhecer as populações autóctones que entretanto encontravam nas novas e
distantes terras conquistadas ou por conquistar na Ásia ou em particular no que
se chamou de Partilha de África, visava compreender a cultura, os mitos e os
valores simbólicos das respetivas populações nativas, para poder interagir com as
mesmas.
C) A contribuição da Economia
Economia
deriva de duas palavras gregas, Oikos,
casa e Nomos,
administração, logo a Oikonomos
ou economia é a gestão da casa, transferida aqui para a coisa pública.
Os
conhecimentos obtidos pela ciência económica, são de importância capital para o
desenvolvimento da Ciência Política, seria aliás impensável, que o exercício do
Poder se realizasse sem que se tivesse em conta os dados macroeconómicos, utilizados
para a gestão da Receita Pública e a prossecução do Orçamento que orienta toda a
Despesa Pública, sem esquecer, que é a partir da gestão financeira que se
executa a gestão da ‘Coisa
Pública’, cabe ao Poder Político instalado, gerir as contas públicas
e projetar tanto quanto possível o futuro da economia, auxiliando com políticas
que promovam a otimização dos recursos dos setores extrativo, produtivo e
distributivo.
É portanto,
a partir da economia enquanto ciência, que se definem as linhas mestras da atuação
das políticas financeira e económicas, através de um entrelaçado relacionamento
entre setores estatal e sociedade civil, nos quais se envolvem os ministérios e
organismos públicos com instituições privadas, com vista à execução orçamental
e ao normal funcionamento da atividade produtiva, de modo a cumprir as metas
programáticas previamente estabelecidas para o crescimento económico, o
desenvolvimento tecnológico, somando-se ainda a coesão social e a diminuição
das assimetrias sociais.
Por
outras palavras, como diz Paulo Bonavides (2010), seria impossível a
compreensão dos factos políticos sem o conhecimento da ciência económica, pelo
que é útil referir aqui que, um dos mais exemplares casos que ilustram a
importância da Economia perante os factos políticos é, a grande crise de 1929
nos Estados Unidos da América e a importância de um grande pensador e economista
britânico, John Maynard Keynes, que influenciou o New Deal que
pôs cobro a uma das maiores crises económicas da história.
D) A Contribuição
do Direito
O
Direito é por natureza uma disciplina que faz parte das Ciências Sociais e
Humanas e que anda de mãos dadas com a Política, não raros políticos e grandes
Estadistas tiveram como formação académica o Direito e como atividade profissional
a advocacia, um deles, foi o Presidente Estadunidense Abraham Lincoln.
O
Direito Internacional e Constitucional e em particular a Jurisprudência,
permitem o aprofundamento do Estado de Direito, os juristas e os
constitucionalistas, fundamentam e consolidam o exercício das Instituições
políticas, sem esquecer que as leis são elaboradas pelo Poder político, tanto
do Parlamento que as redige, como do governo que pode em certas circunstâncias
elaborar projetos lei, ou decretos-lei e por fim a própria Justiça pela
Jurisprudência dos tribunais.
De
um modo mais preciso, cabe ao Direito Político a maior contribuição, trata-se
de uma área especial do Direito, que está na génese dos estudos dos Sistemas
Políticos, é portanto, normativo e define por exemplo, a designação de cargos
político-administrativos, complementando-se com o Direito Administrativo e Direito Constitucional,
sendo este último o que poderá com maior rigor, determinar em que moldes se
poderá fazer uma revisão à constituição.
Tal
como Sousa Lara afirma no seu livro, Lara (2007), o mundo do Direito é
um “Dever Ser”,
mas o mundo da realidade social é um “Ser”.
E) A contribuição de outras ciências sociais
Além das ciências que
acima foram citadas, há outras que em maior ou em menor grau, contribuíram para
o surgimento e para o desenvolvimento da Ciência Política, entre elas,
destacam-se a Sociologia, a Psicologia Social e a Geopolítica, estas
disciplinas serão abordadas em capítulos apropriados mais à frente neste livro,
notando-se contudo, que na sociologia desenvolveu-se uma área específica, que
serve de importante complemento à Ciência Política, denominada de Sociologia
Política.
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