A Democracia da Antiga Grécia
No sistema de governo da Grécia Antiga, os cidadãos
escolhiam os governantes por meio do voto numa Assembleia (eklésia) ou reunião (synagogue), nas quais
também se definiam os destinos da cidade ou Pólis, termo aliás que deu
origem à palavra Política; Tratava-se de uma democracia construída em torno do Espaço Público, a Ágora, onde se adotava como modelo a prática da
cidadania ativa e da Democracia Direta ou participativa.
A Democracia na Grécia não era plena, uma vez que não
abrangia todos os escalões sociais, destinando-se apenas aos cidadãos livres da
Pólis, dessa forma, as mulheres e os escravos gregos, que eram a maioria não
tinham direito a votar.
Heródoto entendia que a democracia não existia para
tratar apenas das questões úteis da vida, mas de uma questão vital para os
gregos, que era o viver bem, segundo um conjunto de regras, que se baseavam na
Justiça, na Virtude e na Liberdade, de acordo com o que afirma Rosenfield (1984)
no seu livro “O que é a democracia”, da coleção Primeiros Passos.
A democracia grega era, portanto, uma verdadeira
democracia direta, na qual o próprio cidadão, tornava-se um deputado, já que
ele mesmo participava das votações, além disso, era na Ágora, o Espaço Público, que se exercia a política no seu
sentido lato, gerando a opinião pública e por consequência, a participação pública
dos assuntos políticos da cidade (Pólis).
Isto só foi possível porque não se tratava de um estado
complexo e muito populoso, como os países nos moldes de hoje. Se se tratasse de
um império unificado, como veio a ser o de Alexandre, o Grande, então essa
democracia ateniense, direta e participativa, certamente não teria sido
possível existir. Mesmo nas sociedades modernas, a democracia participativa
somente ocorre por meio da descentralização, além de se tornar mais funcional
em meios comunitários e pouco populosos.
A Democracia nos moldes de
hoje
Passados milénios de distância, o tempo que separa a
democracia grega dos países da atualidade, nas sociedades modernas, com uma
organização política complexa e de dimensões populacionais gigantescas, mostra-nos
que há um fosso enorme, e que hoje temos apenas uma Democracia Indireta
ou representativa, por outras palavras, a esmagadora maioria dos cidadãos
eleitores não só, não são deputados, como não votam as leis, mas votam tão-somente
o seus representantes, ou alguém que se comprometa a ser a voz dos eleitores, por
vezes votam de modo condicionado pelo sistema ou pelos mecanismos político-partidários.
Atualmente, o cidadão comum chama de democracia qualquer
regime em que se vote num representante, ou num governante, não obstante, tal
não chega para ser considerado democracia, até mesmo nos regimes políticos
autoritários, como o Comunismo, só para ilustrar, na antiga Alemanha Oriental
diziam-se democratas e promoviam eleições, na RDA haviam cinco partidos
políticos, entre eles estavam os socialistas unidos, os democratas-cristãos, liberais
democratas, partido entre outros, dentro da FN Frente Nacional, sob a orientação
do Partido Socialista Unificado da Alemanha, e formava-se um governo de
coligação com todos os partidos, Ou na República Popular da China, onde há o
partido único, todavia, pode-se votar
nos deputados para a Assembleia.
O Brasil no tempo do regime militar, tinha dois partidos
políticos, a ARENA Aliança Renovadora Nacional, e o MDB Movimento Democrático
Brasileiro, no entanto, a persecução política, as prisões e a censura
mantiveram-se, do mesmo modo em Portugal no Estado Novo, o governo de Marcello
Caetano da ANP Ação Nacional Popular, (Sucessora da UN – União Nacional) permitiu
o surgimento de dois partidos, a CDE Comissão Democrática Eleitoral, da qual
fazia parte Francisco Pereira de Moura e a CEUD Centro Eleitoral de Unidade
Democrática da qual fazia parte Mário Soares, no entanto, os resultados
eleitorais eram manipulados pelo poder político. Isto ilustra que democracia
não se resume ao simples ato de votar.
Liberdade de Pensamento,
Expressão e Associação
A democracia baseia-se em três pilares que são as
liberdades fundamentais para a vida em sociedade:
·
Liberdade de Pensamento
o Direito
a ter e defender os ideais e crenças;
·
Liberdade de Expressão
o Direito
a expressar ideias, sentimentos e opiniões;
·
Liberdade de Associação
o Direito
a participar ativamente na sociedade por meio de grupos, políticos, culturais
ou religiosos.
Assim a democracia é o regime político que sustenta a
Justiça Social, baseada na Lei que atribui direitos e deveres a todos, e
torna-se o “Garante” das populações
e requer do cidadão comum os valores da Cidadania.
A Legitimidade do Poder Político segundo Max Weber
Um dos temas mais pertinentes ao estudo da Ciência
Política e à Democracia é precisamente a Legitimidade do Poder Político, que ocorre
por diferentes formas, na atualidade entende-se comummente, que a legitimidade
emana da vontade popular expressa nas urnas, onde há três modelos de
legitimidade mesmo dentro do regime democrático de acordo com a tipologia de
Max Weber.
· Legitimidade assente na Tradição
Trata-se da
legitimidade comummente associada às monarquias, a sucessão ocorre por tradição
hereditária não da escolha livre dos cidadãos, esta legitimação é corroborante
das ideias contratualistas.
· Legitimidade assente na Lei
Trata-se da
legitimidade que emana de fundamentos legais, não apenas na lei que estabelece
eleições e o modo como se realiza o pleito eleitoral, ou dos aspetos legais de
quem é ou não elegível, pode ocorrer por exemplo, numa situação de sucessão por
morte do governante titular, cabendo à Lei dizer quem é que o sucede.
· Legitimidade assente no Carisma
Trata-se da
legitimidade carismática, ou seja, que é reconhecida pelo carisma e pelas
qualidades morais, éticas e da capacidade de liderança do governante, como
exemplo tivemos a liderança de Josef Broz Tito da Jugoslávia, embora o regime
fosse comunista, mas a sua liderança uniu os jugoslavos; outra liderança
carismática foi sem dúvida a de John Kennedy dos EUA, outros exemplos dos mais
paradigmáticos lideres carismáticos são Hitler, Luther King, Mahatma Gandhi, Winston
Churchill, Ytzack Rabin, De Gaulle, João Paulo II, Nelson Mandela e Mário
Soares.
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