No entanto, essa influência varia de acordo com o matiz ideológico presente na base de apoio, base essa que se encontra no interior do aparelho de cada partido, movimento ou sindicato, e independe da ideologia política, ou seja, deriva do pensamento filosófico-político ou de uma qualquer linha de pensamento político, económico, religioso, que esteja na génese das suas intenções políticas O modelo da práxis política na persecução dos seus objetivos é fundamentalmente o mesmo.
Posto isto, resta-nos concluir que há aqui uma
vez mais a presença da dicotomia da Esquerda versus Direita, e essa fronteira é
por vezes de difícil perceção, porque nada é estanque, já que se trata de um
fenómeno que, além de ser político, é fundamentalmente social.
A grande maioria dos fundadores dos grandes
movimentos eram líderes carismáticos, pessoas cultas com formação
universitária, na sua maioria e em geral vindos da classe média, tinham um
forte sentido de Estado e sentiam-se imbuídos de uma missão. Foi assim com Karl
Marx, nascido numa família abastada, viveu apenas para os seus ideais e
dedicando-se aos seus estudos sociológicos e ao sindicalismo socialista; foi
assim também com Che Guevara, nascido na Argentina, formado em medicina,
decidiu lutar pelos povos oprimidos da América, depois de ter vencido em Cuba,
abandonou tudo para lutar e morrer assassinado na Bolívia. Mahatma Gandhi nasceu
na Índia, estudou Direito em Londres e trabalhou como advogado na África do
Sul, mas decidiu voltar à Índia e viver na máxima simplicidade para lutar pela
independência da India, utilizando o método da “Não-violência Ativa”;
Luther King, Pastor evangélico, humanista e pacifista, defensor da NVA, foi um
ativista negro na luta contra a discriminação racial nos EUA, morreu
assassinado; outros tomaram caminhos radicais, quer pela loucura, quer pelo
fanatismo, como foi o caso de Mussolini, Hitler, Sadam ou Khadafi, tendo cada
um destes três Estadistas feito história pelo desfecho trágico dos seus
governos e das suas vidas.
As principais correntes da atualidade surgiram
na sua maioria no fim do século XIX e início do século XX. Somente as correntes
mais periféricas no plano de influência política é que surgiram no século XX,
como o ideal ecologista, o nazi-fascismo ou os fundamentalismos religiosos.
Das principais correntes ideológicas da
atualidade, a maioria surgiu na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo por
serem o berço das principais correntes filosóficas, económicas e sociológicas, onde
se viveu momentos históricos que influenciaram profundamente o surgimento de
correntes ideológicas, como a Revolução Industrial em Inglaterra e o
consequente surgimento do movimento socialista.
Há, todavia, diferenças profundas que convém
salientar, como a diferença do comunismo na Rússia e na China, o primeiro foi
baseado no operariado e na indústria, o segundo no campesinato liderado por Mao
Tsé-Tung, acabando por fazer uma revolução dentro da revolução, denominada de Revolução
Cultural.
O surgimento de uma corrente política é algo
que emana da natureza da dinâmica social, conjugada com fenómenos económicos e
de circunstâncias históricas que fazem que determinados grupos tenham de
defender suas ideias por se sentirem em desvantagem social com os grupos que
dominam o sistema socio-político-económico. Foi assim que determinadas
circunstâncias permitiram e até empurraram a Alemanha do início do século XX
para o regime nazi-fascista; isso nunca teria acontecido se não fossem tão
humilhantes as condições impostas pelo Tratado de Versailles aos
alemães vencidos no fim da I Guerra Mundial.
O mesmo pode-se dizer com relação ao
surgimento da ideologia ambientalista, que é fruto da degradação ambiental por parte da produção industrial massiva
e poluente, em prol de um capitalismo feroz e de uma sociedade excessivamente
consumista, cujos danos são irreversíveis.
As razões que motivam o surgimento de uma
corrente política não se limitam na conquista do poder e da sua manutenção, mas
partem de pressupostos ideológicos de grupos específicos, quer seja pelas suas
ideias, quer seja pela defesa das suas crenças, da origem étnica, classe
social, ou meros interesses corporativos e económicos, ou ainda, de outra
ordem, pretendem influenciar o poder para garantir mudanças, obter visibilidade
e tornar-se um forte grupo de pressão para obter concessões e promover a
mudança social. Foi o que aconteceu com os principais partidos
sociais-democratas e socialistas na oposição, ou mesmo dos ecologistas e
defensores dos direitos humanos, entre outros grupos, tais como os
separatistas, que aqui e ali vão conseguindo maior autonomia para o seu país,
seja na Catalunha, seja na Escócia, no Curdistão, entre outros.
À semelhança de capítulos anteriores, onde
foram abordados os partidos políticos da esquerda à direita, agora faz-se
imperativo fazê-lo aqui do mesmo modo, com o intuito de mostrar cada corrente
ideológica pela sua posição e espectro político, pelo que abordaremos cada uma,
dando uma pequena explicação das ideologias abaixo sublinhadas:
As principais correntes da atualidade.
Berlinguer precursor do Neocomunismo |
Posteriormente ao Eurocomunismo, e após a
queda do Muro de Berlim, surgiu uma revisão em quase todos os partidos
comunistas, a maior parte deles inclusive mudara de nome como o PCB do Brasil e
o PCI de Itália, que passam respetivamente a ser o PPS - Partido Popular
Socialista, liderado na altura por Roberto Freire, e o PDS - Partido
Democrático dela Sinistra, o que gerou uma onda pela refundação comunista, mas
que não surtiu efeito. O reformismo seguia em frente conquistando adeptos, e aqueles
que, no entanto, não mudaram o nome, passaram claramente a atualizar a sua
forma de atuação política e a adaptar o seu conteúdo ideológico e programático
para uma nova realidade.
Os partidos comunistas que se mantiveram no
poder como na China, Cuba e Vietname adaptaram-se à economia de mercado, aliás,
a transformação da sociedade comunista chinesa, numa economia de mercado,
deu-se sob a orientação de Deng Xiao Ping, que foi o grande timoneiro depois da
morte de Mao Tsé-Tung em 1976; levou a China a reformas estruturais até
envergar bem alto o slogan “Um País, Um regime, Dois sistemas”;
em 2016 veio assumir que a transição havia acabado e adota a economia de
mercado, com a qual quer concorrer com o resto do mundo em condições de plena
igualdade. Só a Coreia do Norte se mantém inalterada no seu conteúdo
ideológico, contudo trata-se de um comunismo sui generis.
Neomarxismo – O marxismo, além de uma corrente política, é fruto de
uma análise sociológica, que estuda a estrutura e a evolução das sociedades
baseada na divisão das classes. O Neomarxismo é uma nova forma de ver o mesmo
prisma sociológico e também político de forma atualizada à nova realidade
global. Os políticos neomarxistas apoiam-se na análise da estrutura social
atual que perpetua a divisão de classes; em outras palavras, trata-se da
adaptação do marxismo para os novos tempos, ressurgindo como uma reação ao ruir
dos ideais e pressupostos do socialismo marxista, sobretudo a ideia negativa
que a experiência soviética revelou.
Feminismo – O Feminismo é uma corrente de luta pela emancipação
das mulheres, que teve um grande impacto no século XIX, sobretudo no Reino Unido
e nos Estados Unidos com o movimento das sufragistas, que lutavam pelo direito
de voto, então vedado às mulheres. Paulatinamente, conquista após conquista, a
luta pela igualdade de géneros faz-se necessária, já que atualmente a condição
feminina varia de continente para continente. No ocidente há ainda muito da
cultura vinda do patriarcado que precisa ser derrubada,
nomeadamente a diferença salarial entre homens e mulheres para uma mesma
atividade profissional, e a baixa percentagem das mulheres no topo da direção
das empresas, sem falar na pequena percentagem das mulheres nos Parlamentos.
O feminismo assemelha-se a uma causa, mais que
uma corrente política, até porque está presente no seio das diversas correntes.
Faz-se necessário que assim seja, para que a luta pelos direitos não fique
presa a uma corrente política, isso seria relegar o feminismo à luta pelo
poder, e não é esse o objetivo, mas antes abraçar uma causa e combater a
discriminação e a violência de género, de forma transversal a toda a sociedade.
Humanismo – O Novo Humanismo é um movimento surgido em 1967 na
Argentina, fundado por Mário Rodriguez Cobos, o Silo, ou El negro, como o
chamavam os seus correligionários. No cerne da ideologia humanista está a luta
pela centralidade da pessoa humana em todas as áreas da atividade social,
política e económica; isto quer dizer que, ao contrário do socialismo, que
preconiza a primazia da sociedade sobre o individuo, ou do capitalismo, que
preconiza a primazia do capital e dos bens de produção, o humanismo dá a
primazia à pessoa humana. É, portanto, para a Pessoa Humana que se fazem os
instrumentos sociais, políticos e económicos ao dispor das necessidades
sentidas por todos. O contrário deste princípio reflete uma forma de
escravização, fazendo com que as pessoas é que existam para dar sentido ao
Capital, ou então que existem em função da sociedade. Em outras palavras, uma
inversão de valores que não permite a dignidade humana em toda a sua plenitude.
O Movimento Humanista divide-se em várias organizações,
entre elas o PH - Partido Humanista, que está presente em vários países do
mundo, envergando a bandeira cor de laranja e tendo como logotipo a fita de
Mobios ou o símbolo do infinito.
Socialismo Democrático
– Corrente político-ideológica comummente
designada por Social-democracia, que corresponde ao socialismo de cariz
democrático, revisionista e republicano (à exceção dos trabalhistas britânicos,
que aceitam a monarquia). O socialismo democrático pretende ascender ao poder
pela via democrática, ao contrário dos comunistas. Os partidos socialistas,
sociais-democratas e trabalhistas de vários países estão presentes na IS -
Internacional Socialista, inclui ainda outros partidos com diferentes designações,
defendendo o mesmo ideal. Portugal é representado pelo PS, o Brasil pelo PDT e
Angola pelo MPLA.
Ao contrário dos comunistas, que defendiam a
estatização da economia, e dos liberais que defendem a total privatização, os
socialistas, sociais-democratas e trabalhistas defendem que determinados
serviços devem permanecer na esfera estatal, seja com exclusividade, tais como
a distribuição de água, eletricidade, gás, correios, entre outros, seja sem
exclusividade, como os transportes públicos.
Ambientalismo – Corrente de esquerda denominada de Esquerda
Alternativa, movimento Verde ou Nova Esquerda, que está presente em
variadíssimos países, envolvendo um extenso leque heterogéneo de organizações
ou iniciativas autónomas da sociedade civil. Abrangem diversos níveis de
amplitude, tais como as que no campo político disputam eleições e se designam
de Partidos Verdes. Tratam-se de um movimento ecológico de cariz
anticapitalista, que preconiza uma filosofia de vida e um ideal político e
económico baseados na sustentabilidade e no combate ao consumismo feroz.
Segundo os ecologistas, esse comportamento está destinado a levar o planeta à
sua autodestruição, pelo que intervêm propondo novos modelos de desenvolvimento
sustentável.
Os movimentos ecológicos surgiram praticamente
depois da II Guerra Mundial, mas historicamente, as teorias de Darwin
contribuíram enormemente para que a humanidade percebesse que a evolução das
espécies é resultado de os seres se adaptarem ao meio, e que, se o meio
ambiente está a ser destruído, resta-nos perguntar que tipo de Ser Humano
estará apto para viver num ambiente catastrófico e altamente poluído, ou
melhor, será que sobreviveria?
Uma das grandes preocupações é, promover a
ideia de que só com o recurso às energias renováveis será possível retardar a
hecatombe ambiental. Hoje em dia cada vez mais se vê o enorme investimento que
os governos estão a fazer para a obtenção de energia solar, eólica, entre
outras.
Temas como a extinção das espécies animais, o
degelo das calotas polares, os enormes desastres ambientais, entre outros, que
têm sido largamente difundidos, permitem aos cidadãos associar esses fenómenos
com a ação humana na biosfera, de forma a tomar partido e a adotar uma nova
cultura ecológica.
Neoliberalismo – Corrente de pensamento político, que baseado nos
ideais liberais, pretende o total afastamento do Estado nos assuntos
económicos, ou por outras palavras defende a ideia de que quanto menor for a
interferência do Estado nos assuntos económicos de um País, tanto maior será o
grau de desenvolvimento económico e social.
Esta ideologia político-económica, pretende a
total descentralização dos serviços, desde correios, bancos, transportes
públicos, companhias de distribuição de água, energia e gás, serviços hospitalares
entre outros, que passam para as mãos do setor privado, ou segundo setor,
aliviando a pesada carga orçamental do Estado.
O principal argumento é que, ao buscar lucro o empresário ofereceria ao
cliente final melhores serviços públicos que o próprio Estado.
O ideal neoliberal foi largamente adotado
pelos governos de Margaret Thatcher no Reino Unido e por Ronald Reagan nos
Estados Unidos da América, baseado nas teorias economicistas neoliberais dos
economistas Friedemann e Hayeck. Esse pensamento estendeu-se a outros países e
hoje é a batuta da matriz político-económica e financeira da União Europeia.
Democracia-cristã e Conservadorismo –
Quanto à Democracia Cristã, trata-se de uma corrente política presente
fundamentalmente em países de grande tradição católica, tem um forte teor
ideológico que mistura o conservadorismo por um lado e a promoção de maior
justiça social por outro, reivindicando assim a equidistância entre a direita
clássica e a esquerda. O termo teria surgido em França no fim do Século XVIII,
mas a origem dos modernos partidos democratas-cristãos surgiu no fim do Século
XIX, sob influência dos valores da Doutrina Social da Igreja e da
Encíclica Papal, Rerum Novarum de Leão XIII. Posteriormente ressurge com
força na Itália do pós-guerra, devido à crescente popularidade do comunismo na
vida política italiana de então, somando-se o facto de a direita clássica ser
conotada com o fascismo de Benito Mussolini.
Isso fez com que a corrente democrata-cristã se fortalecesse,
sobressaindo-se Aldo Moro, como um dos grandes lideres democratas cristãos, que
foi por várias vezes Primeiro-ministro. Em 1978 chocou o mundo, ao ser
sequestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas, grupo terrorista de cariz
Marxista-Leninista que com esse ato exigia a libertação de presos políticos.
Todavia aqui há uma lição: o Poder não negocia jamais mediante chantagens, e
por isso, Moro sabia que iria morrer
Atualmente a Democracia-Cristã tem vindo a
adotar nova designação, como por exemplo os democratas-cristãos de Espanha que
adotaram o nome de Partido Popular (PP), algo semelhante em Portugal com o CDS/PP.
Observe-se, entretanto, que existiu desde 1974 um Partido da Democracia Cristã (PDC),
fundado pelo Almirante Pinheiro de Azevedo, que fora impedido de concorrer às eleições
constitucionais de 1975, no período revolucionário que se viveu em Portugal. Nessa
época, os partidos de direita foram conotados com o fascismo salazarista e as
sedes, tanto do CDS como do PDC, foram vandalizadas em várias localidades do
país. Noutros países da Europa, a Internacional Democracia-Cristã, também
adotou nova designação: Internacional Democracia Centrista (IDC).
Como já referimos antes, o Centro é mais um
mero discurso do que propriamente dito uma posição política, visto que os
partidos ou tendem para a esquerda ou para a direita, no momento de tomar
decisões políticas. Aqui o termo centrista é uma alusão à equidistância
ideológica inicial da DC italiana face aos partidos marxistas como o PCI e ao
nazi-fascismo.
Normalmente as posições da DC são de
centro-direita no que concerne às políticas económicas, e podem ser de centro-esquerda
no que concerne às políticas sociais, devido a defenderem o cunho ideológico do
humanismo-cristão; hoje em dia os democratas cristãos ou populares estão cada
vez mais vinculados com a direita ou centro-direita de cariz neoliberal, de
modo que há no fundo uma simbiose entre estas duas correntes, sendo que o que
sobressai é o conservadorismo.
O Conservadorismo é portanto, uma corrente
política que está a reerguer-se, sobretudo depois da queda do comunismo
soviético e da transformação da economia chinesa numa economia de mercado, fazendo
com que a direita seja vista com outros olhos, os olhos em volta do aparente pragmatismo,
que é o que os conservadores preconizam, conservando o status quo, de
forma a manter o fundamental e inovar nos aspectos que se prendem com o
funcionamento dos mercados.
Nacionalismo – Esta corrente é a que defende ainda com unhas e dentes,
o imperativo do Estado Nação com uma forte autoridade política, tendo
ressurgido após a dissolução da antiga URSS e da Jugoslávia em 1991. Muitos
movimentos separatistas têm-se fortalecido neste ideal, não se tratando
meramente de direita visto que há nacionalismos de esquerda como é o caso do
Nacionalismo catalão, basco, galego, corso, entre outros.
O sentimento de pertencer a uma nação é tão ou
mais forte do que o sentimento religioso. O exemplo vivo disso é o resultado do
ódio entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte ou Ulster, não pela
religião em si, mas antes pela origem étnica, os protestantes representam os
ocupantes ingleses e os católicos o povo autóctone que quer a independência
dentro da República da Irlanda. Ou seja,
à primeira vista parece ser uma causa religiosa, no entanto aqui a religião
recebe a influência do fenómeno político, uma vez que ser católico é uma forma
de posicionamento político perante a ocupação britânica.
Ao contrário temos os indianos e os
paquistaneses, que têm a mesma origem étnica e nacional do Indostão, no entanto
a divisão religiosa entre hindus e muçulmanos, fez com que se dividissem em
dois países, tendo sido criado o Paquistão, e assim surgindo o conflito que dura
até aos dias de hoje e faz-se sentir na disputa de um território, a Província
da Caxemira.
Portanto o que pesa aqui é o conceito de Nação
que abordaremos na parte III no capítulo 30, e veremos que há diferentes
conceitos de Nação, até porque há nações sem Estado ou nações divididas em
vários Estados como o Curdistão, ou ainda Estados com mais de uma nação como a
Espanha e o Reino Unido.
Neonazismo e Neofascismo – Têm tido cada vez mais visibilidade mediática,
nomeadamente pelo crescimento das suas fileiras, como consequência do
sentimento de insegurança pela perda da identidade cultural e unidade nacional
com o aumento de imigrantes e refugiados de povos africanos e asiáticos de
religião muçulmana em vários países da Europa como a Bélgica, Holanda, Reino
Unido e Alemanha. Paralelamente ao ressurgimento de movimentos neonazistas de
cariz racista e xenófobo, tem-se sentido o aumento de ataques antissemitas em
toda a Europa.
Fundamentalismo
islâmico – Corrente político-religiosa que se sobrepôs
ao Pan-arabismo e ao Nacionalismo árabe, visto que estes movimentos não
preconizavam uma sociedade religiosa, mas sim laica, tal como Ataturk na
Turquia, ou ainda o egípcio Gamal Abdel Nasser. O fundamentalismo islâmico tem
estado em voga, desde a invasão do Afeganistão pela URSS em 1979 e da guerra
que se desencadeou para libertar o país, com a ajuda dos Estados Unidos da
América aos guerrilheiros de diferentes forças paramilitares, denominados de os
“Senhores da Guerra”, o que acabou por ajudar a instalar no poder os talibans,
grupo ultrarradical do islão, de cariz antiocidental; O Regime Taliban tornou o
Afeganistão no país mais atrasado do mundo, onde os meios de comunicação social
foram praticamente extintos, só funcionando a radiodifusão como forma a
divulgar músicas religiosas e a chamada para a oração; além disso, as mulheres
tornaram-se nas maiores vitimas do regime, sendo tratadas como mero objeto, e uma
vez viúvas, encontravam-se na mais avassaladora situação de vulnerabilidade
social, sem qualquer tipo de apoio.
No meio deste caos, surge o líder Osama Bin
Laden, da corrente religiosa dos Wahabitas, a ala mais radical do islamismo
sunita da Arábia Saudita. Seu objetivo era atacar a cultura ocidental em todos
os países de maioria muçulmana como foram os atentados na Etiópia, Somália,
Arábia Saudita, entre outros.
As Guerras do Iraque, como consequência,
despoletaram o aumento crescente do sentimento antiocidental no mundo árabe,
sobretudo pela falta de habilidade política do governo de George W. Bush ao
classificar os países islâmicos mais radicais como o “Eixo do Mal”,
criando uma dicotomia perigosa e aumentando o sentimento antimuçulmano na
Europa e nos Estados Unidos da América. O resultado foi uma onda de atentados
nunca antes vista, sobretudo na Europa Ocidental, atingindo a França com
pesados atentados que praticamente destruíram a imagem política do Presidente François
Hollande e acabaram por dar grande popularidade a Marine Le Pen, da Frente
Nacional de Extrema-direita que disputou o segundo-turno nas eleições
presidenciais francesas.
As
eleições Presidenciais de 2017 em França foram Sui generis, pois pela
primeira vez, os Catch All Parties, não disputaram o poder, tendo saído
vitorioso o candidato independente Emmanuel Macron do movimento France En
Marche, que se intitula de centro, contudo, o tempo irá provar que o
centro não existe, mas esse golpe de marketing venceu o fundamentalismo
nacionalista de Le Pen e da Extrema-direita.
O fundamentalismo visa, portanto, a
radicalização da política, de cariz antidemocrático e teocrático, pretende
impor a lei da Shária em detrimento da lei civil, tal como fez no Afeganistão.
O expoente máximo do radicalismo islâmico ocorreu precisamente entre o norte do
Iraque e da Síria, onde foi criado o Estado Islâmico, de forma cruel sem
precedentes contra as comunidades cristãs, como as igrejas siríaca, melquita,
maronita e até contra outros muçulmanos da corrente xiita ou de etnia curda.
Curiosamente a Comunidade Internacional
demorou para intervir, gerando como consequência o maior surto de refugiados
jamais visto, só na Jordânia, há um campo com mais de um milhão de refugiados
sírios, sem falar dos que morreram nos naufrágios ocorridos no Mar
Mediterrâneo.
A Guerra Civil da Síria é aliás o caso mais
paradigmático da variedade política entre o passado e o presente do mundo
árabe, o Partido Socialista Baath de Bashar Al-Assad, que está no poder na
Síria que é o espelho do que foi a grande corrente do nacionalismo árabe,
aparenta ideologicamente, que tenha sido inspirado no nacional-socialismo e do
pangermanismo, a ideia do pan-arabismo e a criação do partido nos mesmos moldes
do nacional-socialismo alemão, pelo que foram a base de sustentação do poderio
ditatorial na Síria, Iraque e Líbia. As outras correntes são os diversos
movimentos guerrilheiros fundamentalistas, como o Estado Islâmico, ou ainda a Jihad
Islâmica e a Irmandade Muçulmana que pretendem impedir a
democratização dos países árabes, bem como destruir a democracia ocidental.
Novas Tendências
Políticas – As gerações mais novas, tanto nos EUA e na
Europa, que lutaram contra o Nazismo, ou ainda no Brasil do pós-Abertura, como
em Portugal no pós-25 de abril, ou ainda as novas gerações espanhola e latino
americana, não chegaram a viver o tempo dos caudilhos e nem o esforço da luta
pela liberdade e a democratização, épocas em que se formavam líderes
carismáticos, tempos em que muitos dos que lutavam por liberdade eram presos,
torturados, exilados e em muitos casos também mortos.
Essa falta de contacto das novas gerações, no
que toca ao custo-benefício da liberdade, somando-se ao desgaste da democracia
causado por uma dicotomia gémea entre centro-esquerda e centro-direita, cujas
diferenças centram-se mais no discurso do que na prática das políticas
adotadas, sendo mais liberais de uns e menos de outros, ou ainda pelo desgaste
da corrupção em detrimento do bem-estar social e o acúmulo da interdependência
dos países aos Blocos Económicos e às regras uniformistas da OMC, levam a que
surjam como seria de prever, novas tendências políticas, que não se prendem a
ideais ambíguos, pelo contrário, lutam por novos paradigmas sob a luz do
pragmatismo, nomeadamente numa época marcada pela globalização da cultura e a
internacionalização da economia e da informação.
Dessas novas tendências, que extrapolam o
campo da política, surgem das lutas pela liberdade e os direitos fundamentais
das minorias, tais como as minorias étnicas, a luta contra o racismo, ou ainda
os movimentos como LGBT, movimentos cívicos em defesa dos animais, associações
em defesa da liberdade religiosa, entre outros.
Recentemente surgiu na Europa uma nova geração
de partidos políticos, nomeadamente em Espanha, como o Podemos
defensor de uma “Nova Esquerda” e também o Ciudadanos, de centro
direita, defensor de uma corrente que se confunde com o Pragmatismo e o
Pós-Modernismo político, ambos são claramente uma nova geração de partidos e movimentos
alternativos e contestatários das políticas adotadas pelos partidos
tradicionais da alternância do poder.
Principais tipos de
ideologias
Ø Ideologias Conservadoras
o
Visam manter o Status Quo
Ø Ideologias Reformistas ou Progressistas
o
Promovem mudanças que visam a evolução.
Ø Ideologias Reacionárias
o
Ultraconservadores reagem às mudanças
Ø Ideologias Progressistas ou Alternativas
o
Visam intervir no processo decisório, podendo manter-se na oposição.
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