segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

XII - O que é a Dicotomia Esquerda Vs. Direita?

Os termos Esquerda e Direita, na cultura do cidadão contemporâneo, são uma ideia estática, isto porque se entende que no espectro político a esquerda é formada por partidos socialistas e comunistas e a direita pela ala conservadora e
nacionalista. Até aqui está tudo aparentemente correto, porém, a realidade política é diferente. Além do mais, a origem dos termos Esquerda e Direita nada tem a ver propriamente dito com as posições político-ideológicas, mas antes com os lugares que cada partido ou grupo de deputados utilizava quando se sentava no Parlamento, face à posição do Presidente da Assembleia: os partidos da situação ou do governo sentavam-se à direita, já os deputados dos partidos da oposição sentavam-se à esquerda.
Historicamente essa divisão teria surgido no século XVIII a partir da Revolução Francesa, sendo portanto, uma tradição posterior a 1789. Inicialmente focava a divisão entre os monárquicos e os republicanos, tendo havido também as posições que dividam os religiosos dos laicos e a burguesia contra a aristocracia. Com o tempo, essa terminologia utilizada nos bastidores dos parlamentos e veiculada pelas notícias da imprensa, fez com que se tornasse uma forma institucional de categorizar os oponentes de acordo com o cariz político, e ideológico, passando a rotulá-los de Esquerdistas ou Direitistas, de acordo com as posições que cada elemento defendia no plenário.
Contudo há que salientar que, mesmo dentro do espectro ideológico, indo da esquerda para a direita, os partidos se comparam entre si, por forma a procurar ser conotados como sendo a verdadeira ideologia, ou a genuína esquerda, outros, a genuína direita em detrimento das demais forças concorrentes. Isto só ocorre devido às posições que cada um toma, de outra forma não se poderia classificar o espectro político de uma dada formação partidária.
Por exemplo um dado partido A, de Centro-esquerda, comparado com um partido B de Centro-direita e também com um partido C de Extrema-esquerda, poderia ser enquadrado ou rotulado de diferentes prismas da seguinte forma: o Partido A é considerado de Esquerda pelo Partido B, no entanto é entendido como sendo de Direita pelo Partido C.
O Centro, como posicionamento ideológico, é praticamente impossível de existir; trata-se mais de um slogan e de marketing político dos que não querem ser conotados nem à esquerda nem à direita, são os partidos de massas denominados de Catch All Parties.
Obviamente a dicotomia que divide as correntes Esquerda e Direita é mais vasta do que à primeira vista parece, pelo que há as correntes derivadas da extrema-esquerda e centro-esquerda face à Esquerda, e do centro-direita e extrema-direita face à Direita.
Normalmente em política, pode-se defender propostas e posições de Esquerda ou de Direita em diferentes matérias, ou seja, um partido ou um político pode tomar posições mais à esquerda numa determinada matéria e mais à direita noutras matérias. À Esquerda entende-se como o enquadramento político ideológico dos partidos e movimentos engajados com as questões e as problemáticas sociais, a justiça social, o ambientalismo e os Direitos Humanos; quanto à Direita, apresenta um matiz conotado com a economia e as finanças de um país, a defesa dos interesses das empresas privadas e a luta pela não interferência do Estado nos assuntos económicos, pelo que apresentamos o enquadramento com o esquema partidário-ideológico.
Esta dicotomia dividiu o mundo no Século XX, sobretudo a seguir a II Guerra Mundial, contudo após a queda do Muro de Berlim e o fim do Comunismo soviético surgiu uma fase de grande apatia do eleitorado que já não se revê em discursos polarizados de esquerda Vs. direita, mas antes desviaram a atenção política para o carisma do líder e sobretudo para o desempenho da atuação da governança.
Enquadramento Partidário: Esquerda Vs. Direita:
·       Extrema-esquerda
Tudo para a revolução, tudo para o Estado.
Ø Comunistas (marxistas, maoístas, trotskistas);
Ø Anarcossindicalistas;
Ø Libertários;
·       Esquerda
A Solidariedade primeiro a Utopia depois.
Ø Socialistas Neomarxistas (Portugal BE, Brasil PT);
Ø Esquerda alternativa (Espanha, Podemos);
Ø Trabalhistas (Reino Unido, Labor, Brasil PDT);
Ø Ambientalistas (Brasil PV, Portugal PAN);
Ø Humanistas siloístas;
Ø Movimentos independentistas de esquerda;
Ø Feministas;
Ø Movimentos de minorias étnicas e raciais;
Ø Movimentos pela igualdade de género (LGBT);
Ø Partidos alternativos (Contribuintes, aposentados, defesa dos animais, entre outros);
·       Centro-esquerda
Ênfase para a Justiça Social
Ø Socialistas (Espanha PSOE, Portugal PS, Brasil PSB);
Ø Sociais-democratas (Alemanha SPD, Brasil PSDB);
Ø Democratas (EUA, Itália PD);
·       Centro-direita
Ênfase para a economia liberal.
Ø Liberais;
Ø Liberais-democratas (Portugal PSD, Brasil PMDB);
Ø Progressistas;
Ø Ciudadanos (Espanha);
Ø Populistas;
Ø Republicanos (EUA).
·       Direita
Manutenção do Status Quo
Ø Democratas-cristãos;
Ø Conservadores britânicos;
Ø Nacionalistas;
Ø Movimentos separatistas de direita;
·       Extrema-direita
Manutenção da Ordem e tudo pela Nação
Ø Fascistas;
Ø Neofascistas (França FN, Itália MSI);
Ø Ultranacionalistas;
Ø Neonazistas;
Ø Fundamentalismo Islâmico;
Ø Anticomunistas;
Ø Antissemitas.

Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

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